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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Rir é o melhor remédio


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Nem sempre. A meu ver, o riso provocado (não espontâneo), deve ser antes, uma opção. Rir é uma expressão como qualquer outra. Reflete e qualifica uma emoção. E como tal, não pode ser explicada de maneira tão simplista.



É fato que o riso desencadeia reações fisiológicas que diminuem o estresse e ansiedade, reforçam a imunidade, relaxa a tensão muscular e diminui a dor. Mas, em toda minha experiência profissional com pacientes terminais, nunca vi ser reconhecido um caso em que uma pessoa tenha se provocado, evitado ou conseguido retardar a evolução de uma enfermidade grave, através do riso. Aliás, vi poucos risos ao longo dessa experiência.



Há gente que ri por quase tudo. Tem aqueles, cuja anatomia da boca, coloca um sorriso perpétuo no rosto. Tem riso forçado, sarcástico, tímido e até triste. Mas o riso que sinto falta não é o gesto mecânico de demonstrar concordância. Muito ao contrário, o riso que sugiro é aquele que traduz, altera e contagia. Riso que se auto-explica.



Riso e felicidade em nossa cultura tornaram-se elementos dissociados. Nem sempre nos é permitido rir quando estamos felizes ou estarmos felizes a ponto de rirmos. Haverá sempre um “senão”, uma coibição qualquer que transformará nosso riso em pecado.



Fazer rir é outra contradição. Até a profissão “palhaço” tornou-se pejorativa. Endurecemos. Fazer rir tornou-se um negócio rendoso. Fazer rir, hoje, é coisa pra especialistas.



Especializar-se nessa capacidade foi a medida encontrada para suprir-nos desse “bem útil” ao constatarmos que havíamos perdido nossa ingenuidade. Didi, Dedé se separaram. Mussum e Zacarias morreram. O indefectível Chaves-Chapolim virou símbolo de herói fracassado. Onde foi parar nosso riso?



Chico Anísio virou cronista. Jô Soares, entrevistador mal humorado. Tom Cavalcante? Convenhamos esse é mesmo um palhaço! (entendam como quiser!).



Nosso riso hoje está nas mãos de habilidosos sádicos. Gente que se agrupa e se especializa em transformar tragédia em piada de mau gosto. Químicos da comunicação capazes de transformar falhas em defeitos e piadas em falta de educação. Gente, que faz de si mesmo personagem, para travestir a própria grosseria.



Seria preciso redescobrir a fórmula do fazer rir sem tirar o riso alheio. Rir da própria incapacidade de produzir alegria. Seria perfeito, se o público atual entendesse a piada e pudesse rir também!



Quando os humoristas tiram a graça de si mesmos e miraram os outros, a piada de duplo sentido ficou sem sentido nenhum. Ou com sentido óbvio e direcionado. A vítima não deve achar gracioso.



Alguns programas da TV brasileira contradizem minha afirmação de que “rir não é o melhor remédio”. Para eles, é o ÚNICO remédio! Desperdiçam criatividade, retorno de audiência e inteligência para propagar preconceitos e estereótipos. E aí, que remédio? Só rindo!



Todo programa de humor aposta na fórmula da “gostosa” fazendo parte da trupe, ás vezes, há mais que uma. Dessas se encarregam eles próprios de consagrarem como “burras.



Tem também o “grosso”, o “mal educado” e o “inconveniente”. Em um desses programas campeões de audiência, os humoristas nem são personagens. Camuflam as próprias características com o aval de serem comediantes.



Confesso que, ás vezes, me diverte. Mas, é válido dizer que não os conheço. Não convivo com eles, não sou famosa e nem trabalho em emissora concorrente. Isso reduz significantemente a possibilidade de me tornar alvo desse humor duvidoso. A maioria do público cativo e anônimo também se sente protegido



Eu me sentiria muito mais cômoda em um mundo em que rir fosse uma emoção respeitada. Como chorar, por exemplo. Ninguém chora com o objetivo de espezinhar, ridicularizar ou ferir outros.



Ninguém explora de forma animalesca o choro genuíno. Alguns até tentam explorar o choro alheio, e provocam lágrimas conseqüentes. Mas ao fizerem isso na tentativa de humilhar, serão julgados e condenados pelo “politicamente correto” comportamento humano. E tem gente que ainda tem vergonha de chorar!



Essa tendência parece ser definitiva. Sempre haverá quem encontre maneiras de provocar o riso de multidões em detrimento de um único lamento. Justamente porque sempre haverá uma multidão para rir do lamento alheio. Pode parecer engraçado, mas rir e “fazer” rir são coisas muito sérias



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